quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Underneath it all

O que nós realmente somos por baixo de todas as ideologias e padrões que vestimos? Não falo apenas de vestir no sentido limitado de roupas e tecidos que escolhemos (ainda que estas escolhas mostrem muito do que somos ou queremos ser) mas também dos valores que temos e das atitudes que tomamos em busca de um ideal de "ser".

Provavelmente uns 70% do que aparentamos é socialmente ditado, da cor das roupas ao corte de cabelo. Em determinados momentos, talvez até mais que isso. Até a medicina estética é muitas vezes ferramenta utilizada em busca da tal "aparência perfeita", mas que aparência é esta?

Hoje a moda é azul, amanhã amarelo. Hoje todos fazem operações corretivas para os olhos e amanhã voltam a usar armações sem lentes, pois voltou a estar na moda usar óculos: se tornou questão de estilo! Hoje é chique fazer parte de uma ONG beneficente que cuida de animais, mas amanhã o
must podem ser as instituições de reciclagem - e aí danem-se os cachorrinhos abandonados! E apesar de ser bem difícil estar sempre na moda, dentro das tendências esperadas, tem aqueles que nunca deixam de tentar, e vivem correndo atrás dela.

(Um parênteses sobre a moda: Acredito que estar na moda é conseguir ser feliz com você mesmo, é a sua moda, a sua forma de ver as coisas - mas isso é muito particular).

Sem contar as inúmeras obrigações sociais que vestimos para que nos aceitem e reconheçam. Para ser bem recebido e viver bem em sociedade é necessário, no mínimo, aderir a certas regras e comportamentos, que passam a fazer parte dessa nossa máscara de todo dia. Vejam bem, não estou falando aqui de educação: princípios educados precisam fazer parte da vida de todos sim, é fato! Estou falando aqui das convenções sociais que cumprimos por pura obrigação, sem que isso melhore nosso relacionamento com o outro (como a educação) e sem que isso nos traga alegria (pois não nos trazem prazer).

Tenho a impressão de que, muitas vezes, nosso verdadeiro EU, aquele com que realmente sentimos, fica meio soterrado sob todas essas convenções e ditaduras - e mal consegue aparecer! E é aí que eu me pergunto, o que nós realmente somos sob tudo aquilo que os outros vêem em nós?

Será que alguém consegue enxergar?

Será que nós ainda sabemos?