quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pessoas especiais

Tem pessoas que são simplesmente diferenciadas. E elas entram na nossa vida da maneira mais incauta possível, na maioria das vezes de um jeito que a gente nem desconfia que elas vão merecer alguma atenção especial...

Inclua-se em pessoas especiais amores e amigos, ou seja, aqueles a quem você efetivamente dedica boa parte de sua energia e paciência - porque pessoas especiais exigem paciência... muita!

Acredito que nós sempre sabemos quando uma pessoa vai se tornar especial em nosso caminho, de cara. Todo mundo tem um pouco de intuição, uma primeira impressão unica quando conhece um pessoa ou um grupo. Isso independe de crença religiosa, apesar de que particularmente eu acredito que temos algumas lembranças de outras existências. O que tem é que a gente bloqueia esse primeiro feeling, até em nome de não ser preconceituoso ou moralista. Mas ele existe, e depois acabamos percebendo isso com o passar do tempo.

Quando você conhece alguém especial essa pessoa chama a sua atenção. Se ela estiver no meio de um grupo então fica ainda mais visível, porque você percebe que, mesmo sem querer, aquela pessoa 'capturou' você. E as vezes isso acontece com mais de uma pessoa num mesmo grupo, algumas pessoas te prendem, por motivos diversos ou por absolutamente nenhum motivo... sem contar aquelas pessoas com quem você não troca uma palavra e não tira da cabeça, ou fala por cinco minutos e parece que conhece há uma vida inteira!

Tenho hoje, como as pessoas mais especiais em minha vida, pessoas que conheci em reuniões, em sofás, em festas, em salas de aula, em cozinhas e, pasme, até em banheiros. O fato mais curioso é que nem todas elas me causaram boa impressão inicialmente, algumas me despertaram aversão e até raiva. Era como se estivesse escrito no meu livrinho do Destino que eu deveria conhecê-las, compartilhar momentos com elas e compreendê-las, e elas me fariam bem por estarem ali - e de que forma iriam chamar minha atenção não era importante, contanto que o fizessem.

E há também as pessoas especiais que somos nós que impactamos, que se impressionam com a gente e decidem fazer parte da nossa vida, e quando percebemos já aconteceu, e se torna impossível pensar a vida sem elas... Talvez também não tenhamos causado uma primeira impressão muito boa nelas, mas de alguma forma nossas existências tinham uma conexão, e elas foram mais sensíveis a isso. Ainda bem!

As histórias mais bonitas de minha vida certamente começaram assim, meio sem querer, como a vida deve ser... E vivo me deparando com fotos antigas em que estou sentada ao lado de pessoas que hoje são primordiais pra mim mas na época eram 'mais um da turma', ou me recordo de eventos em que passei horas, ou bons minutos, conversando sobre um assunto trivial com alguém que hoje ouve minhas maiores confissões. É como se a vida fosse um enorme quebra cabeça, e vamos encontrando as pecinhas certas nos lugares mais inesperados. E, depois de encontrá-las, precisamos dar tempo ao tempo para que se encaixem, cada uma ao seu momento.

Certa vez escrevi, numa nota, em meu primeiro livro: "Talvez seja uma grande coincidência. Talvez não. Talvez algumas coisas estejam realmente escritas em nosso destino". Ou eu lembrei isso de uma outra existência, ou um anjo me soprou isso no ouvido... porque eu certamente não tinha, àquelas alturas, todo esse respeito pelo destino. Eu ainda achava que eu podia mudar as coisas e as pessoas, depois conclui que eu não podia mudar nada, que era refém do meu destino. Hoje tenho a serenidade de aceitar o que está escrito, por ter a certeza de que foi escrito com amor, para a minha felicidade.

Pessoas especiais, fiquem por perto! Mesmo quando eu for insuportável, terrível, teimosa, insensata. Dividam comigo minhas alegrias e minhas vitórias. Estejam ali comigo sempre, pois sempre serão bem vindos e nunca precisarão de convites. Não desistam nunca de mim ok, nem quando eu merecer... Obrigada por tornar a vida mais colorida! E não me perguntem para quem escrevi esse texto, odeio os óbvios. Cada um tem em si parte de seus especiais, partes de suas partes, e vocês já sabem com quem estou falando desde a primeira linha.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Num piscar de olhos

A vida é uma festa! Mas não de buffet, com hora pra começar e pra acabar, é tipo uma pool party quase infinita. E o grande mistério está exatamente nisso, podemos fazer quantos planos quisermos pra essa festa, porque ela vai durar pra sempre - ou pelo menos para nosso sempre. Viver é uma delícia sem prazo de validade, mas tudo pode mudar de repente, antes mesmo que você se dê conta de que não fez nem metade de tudo que queria, e já não possa mais fazê-lo...

Acontece com todo mundo. Quando nos damos conta já crescemos, mudamos de emprego, não vemos mais aqueles amigos especiais, moramos em outra cidade - e muitos sonhos acabam sendo deixados para trás, por impossibilidade ou medo de retomá-los. Até ai ok, são as escolhas que fazemos a todo segundo, com o passar da vida. E toda escolha, por mais banal que pareça, tem suas consequências. Não é porque não foram consideradas as reações que a ação poderia ter, que o autor pode se considerar lesado: quem toma suas decisões deve estar preparado para seus desdobramentos. E, sinceramente, não acho que tolos que não avaliam as coisas antes de fazer sejam dignos de pena não, afinal é assim que todo mundo aprende, errando de vez em quando... faz parte da brincadeira!

Mas vejam bem, existe um tipo de pessoa de quem eu tenho pena: aqueles que não entendem o privilégio que é viver. Nessa categoria se enquadram, logicamente, os que querem se matar (que por um motivo micro não conseguem mais enxergar o macro da vida), os que se viciam a fim de esquecer da vida (e passam a viver num limiar de loucura e sanidade) e, principalmente, aqueles que invadem o espaço do outro e destroem suas vidas, num piscar de olhos.

Hoje pela manhã eu estava dirigindo pela Av. Paes de Barros, tranquilamente, quando vejo, na minha frente (sério), um senhor sendo atropelado. O senhorzinho, de idade avançada, estava terminando de atravessar a rua quando um motoqueiro, provavelmente com muita pressa, o atropelou. Prefiro acreditar que não foi intencional, uma vez que o motoqueiro não podia mesmo vê-lo do jeito que dirigia, costurando entre os carros, mas foi um atentado à vida proposital, de um condutor que ao dirigir um veículo parecia mais estar fazendo uso de um porte de arma.

Em um segundo, não mais que isso, o corpo do idoso, já castigado pela idade, voou contra o canteiro central e caiu no chão, parte sobre a calçada, parte na avenida. A cena foi horrível, e também lamentável foi ter passado cerca de dez minutos esperando atendimento da polícia na secretária eletrônica. Sorte que o resgate atende ao telefone mais rápido...

Naquele momento, diversas vidas mudaram, principalmente a do atropelado, que queira o Senhor esteja se recuperando, e daquele motoqueiro, que naquele momento deve ter entendido, da pior forma possível, que o que quer que fosse que ele estava indo fazer não era imprescindível, uma vez que deixou de ser feito. Certamente este homem vai se lembrar dessa cena pelos próximos meses, ou anos, ou o resto de sua vida. As vidas dos dois homens foram marcadas e ligadas para sempre.

Não é viver hoje como se não houvesse amanhã, não é esse o ponto. Nunca concordei muito com isso, porque acho que planejar e construir sonhos é primordial para ter uma vida plena e feliz. Entretanto temos que cuidar da maior preciosidade que temos, nossa vida. E quando eu digo nossa é 'nossa', não cada um por si e Deus por todos! Já dizia a canção, é impossível ser feliz sozinho...

Agora, uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa: cuidar da vida do outro é zelar pelo bem estar e pela condição de vida do outro, não ficar 'tomando conta da vida alheia' só pra ter o que fofocar na mesa de café do escritório. Entendido?

Esse é meu recado de hoje, vamos cuidar da vida. Ou numa forma mais Bond de dizer, viva e deixe viver, perceba que o seu direito acaba onde começa o do próximo. Absolutamente ninguém pode achar que intervir na vida de outrém não terá consequências. Então que sejam intervenções boas, do bem, de paz, que tragam resultados de amor em sua própria vida. Se fizer o bem ao outro pode até não receber nada em troca, mas sua própria atitude será alimento para sua alma e te fará feliz. Se tornar a vida de outro ruim, impedindo-o de realizar seus sonhos e encontrar sua felicidade, cuidado: mesmo que essa pessoa nunca diga nada a marca estará lá, no seu coração, e sua atitude impensada de segundos vai lhe acompanhar pelo resto do seu caminho.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Por que não uma Nhá Benta?

Por mais que o discurso da beleza interior seja a cada dia mais apoiado, quem nos conhece compra primeiro a imagem, depois vem todo o resto... O ser humano em geral é instintivamente ligado ao visual, e não tem teoria de auto ajuda que possa alterar uma característica que é inata. Não que a aparência seja o principal, mas temos que admitir: é um fator inegável nas relações humanas.

O que você parece? Se pararmos pra pensar nisso, provavelmente vamos chegar numa resposta divergente do que parecemos realmente aos outros. Cada um vê o outro de uma forma, mas algumas características já se tornaram padrões, e é muito difícil combatê-los. E o mercado, obviamente, se aproveita desses estereótipos para vender a coisa certa para a pessoa certa, ou quase isso...

O tal Ferrero Rocher é um exemplo disso. Estava assistindo a um comercial da Ferrero, em que os bombons são indicados para presentear mulheres sofisticadas e elegantes, num cenário rico, dourado, ao som de música clássica - como usualmente são as peças da marca. Em outras palavras, a mídia de certa forma tira das pessoas a necessidade de pensar a respeito de quem vai se presentear, padronizando todos em categorias!

Ai as mulheres reclamam: não há mais cavalheiros no mundo! E os homens reclamam: nunca recebo presentes de que realmente gosto. E todos pensam: acho que no fundo ninguém me entende!

A verdade não é que ninguém entende ninguém, e sim que quase ninguém conhece ninguém. Nos deixamos enganar pelos esquadros e esquecemos que cada pessoa é única, e pensa de um jeito, gosta de algumas coisas, chora com determinado filme, prefere o azul ao violeta. Não é por mal, mas a falta de tempo é perigosa, nos leva sempre pro caminho mais fácil...

O negócio é realmente prestar atenção nas pessoas, na riqueza que elas são muito mais que na que elas têm. Essa semana ouvi de um grande amigo que se, de cada experiência que temos profissionalmente, conseguirmos levar ao menos cinco bons amigos e dez pessoas interessantes com quem conversar temos, ai, nosso tesouro recebido por aquele trabalho. E, de fato, a idéia de que 'somos quem conhecemos' é antiga e bem conhecida - entretanto, cabe a pergunta: quem realmente conhecemos?

Completamente, 100%, não conhecemos nem nós mesmos! Uma hora ou outra acabamos tendo atitudes que nem acreditávamos ser capazes... Mas é importante conhecer relativamente bem as pessoas com quem dividimos a vida, amigos e amores. De vez em quando alguém me diz estar decepcionado porque achava que conhecia alguém que fez algo muito errado ou esquisito, mas se nos esforçarmos pra conhecer melhor (e esperar atitudes mais próximas do perfil de cada um) vamos nos decepcionar menos. As pessoas não mudam, elas se adaptam, elas cedem em alguns comportamentos pelo bem de um relacionamento, mas elas não mudam.

Achar que se conhece alguém pelo que esse alguém aparenta pode ser, inclusive, um tiro no pé! Eu, por exemplo, devo ter jeito de sofisticada, porque já ganhei caixas e mais caixas de Ferrero Rocher. Falando sério, até uma árvore deles eu já ganhei. Sem contar um novo da Kopenhagen, que é igual ao Ferrero e vem numa caixa de jóia, um luxo que me persegue. E eu ODEIO Ferrero Rocher!!! Resultado: seja lá qual foi o esforço de quem me deu eu vou agradecer e vai ficar lá, pra quem visitar minha casa, porque pra mim não vai parecer um elogio, e sim que a pessoa não me conhece nem um pouco - e, agora, que nem meu blog lê...rs

Conhecer alguém não é saber seu número de telefone e uma ou outra preferência. É muito mais que isso! É conhecer seus pequenos segredos, suas loucuras, seus desejos, o que ela é sob tudo que ela aparenta - e ainda assim gostar dela!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Rio de Janeiro continua lindo!

O Rio de Janeiro é lindo, e sempre vai ser... apesar da minha paixão pela cidade cinza de concreto, o Rio tem um colorido e uma alegria que é a cara do Brasil! E não é à toa que agora toda essa energia da cidade maravilhosa está sendo vista pelo mundo todo na belíssima animação "Rio".

Inegavelmente o filme é sensacional, daqueles que encantam gente pequena e gente grande: os primeiros pelo visual e pelos personagens carismáticos, e os últimos pela comédia sarcástica, que vêm ganhando mais espaço a cada dia nesse cinema 'pra todo mundo'. Imagine um casal romântico de araras azuis, sendo ele um nerd que vive na neve norte-americana e ela uma bela nativa, louca pela liberdade - pronto, está formatada a comédia romântica! Sem contar os imprescindíveis amigos brasileiros das aves, um tucano que dá dicas de conquista, e dois fiéis escudeiros tipicamente brasileiros, prontos pra dar um 'jeitinho' em todos os problemas. O filme é a nossa cara.

Mas não se engane com a sutileza, está bem ali, pra quem quiser ver, a visão que o mundo tem de nós... um país que contrabandeia suas maiores riquezas, um país de profunda desigualdade social, um país onde crianças abandonadas auxiliam o tráfico em busca de trocados, um país onde turistas devem se precaver pois são sempre roubados, uma país em que tudo acaba em carnaval... É triste, mas o filme está bem próximo de nossa realidade mesmo.

O bom é que, como em todo bom filme, no fim tudo acaba bem, a criança toma consciência do erro que está cometendo e passa a cooperar com o lado bom, os animais sobrevivem e voltam pra floresta, o amor impera, os contrabandistas são presos, o bem vence o mal. O negócio é torcer pra nosso povo se espelhar nisso e enxergar que as coisas podem ser diferentes, e pra que o final feliz das telas também passe a fazer parte da nossa vida - antes que efetivamente tenhamos destruído nossa fauna!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Frankenstein Made in Brazil

Esta semana o Brasil ganhou a atenção do mundo por conta da violência, de novo. E dessa vez a situação foi mais grave que o usual, se é que existe algum tipo de violência que possa se tornar usual: "Psicopata invade escola no Rio de Janeiro e dispara 66 tiros contra estudantes". Todo o mundo viu. Todo o mundo ficou horrorizado...

A ocorrência é de uma matemática voluptuosa: 1 psicopata, 89 projéteis, 2 armas, 66 crianças baleadas, 12 mortos. Mas essa equação tem mais outros números que não estão sendo levados em conta, como cerca de 500 anos de educação que 'deseduca' no país do carnaval.

Se o assassino era um psicopata? Sem sombra de dúvida! E um psicopata 100% Made in Brazil, com louvor. Um jovem que tirou a vida de tantos outros e a sua própria numa ação suicida, em busca de vingança contra o que sofreu em sua adolescência. Aliás, há de se pensar há quanto tempo ele já tinha desistido de viver...

Tudo nessa vida tem motivo, fato. Pode ser um motivo estapafúrdio, enlouquecido ou perfeitamente plausível, mas todo ato tem uma força motivadora. É muito fácil tapar o sol com a peneira e dizer que o tal matador é só mais um psicopata que pirou, mas a realidade é que ele é mais um produto de um sistema educacional cheio de vícios e problemas, de uma escola pública que amedronta os alunos, de um espaço de educação onde os educandos não tem seus direitos respeitados pelos colegas e não são protegidos pelas autoridades. Os ex-colegas descreveram como foi a vida acadêmica do rapaz naquela escola, repleta de agressões, apelidos, pequenas maldades - até dentro do lixo dizem que ele foi jogado na escola. De forma alguma isso justifica a barbárie que ele cometeu, mas explica um pouco de seus motivos. Bem vindos ao Brasil!

Não estou generalizando, existem colégios públicos que são modelo de organização, e professores que encaram a profissão com grande respeito, mas não são a maioria, infelizmente. E tem colégio particular na mesma situação! Agora, convenhamos, é muito mais fácil entrar numa escola armado do que em um banco, e a primeira cuida de crianças, enquanto o segundo cuida de moeda. Aonde está o nosso verdadeiro tesouro?

Temos de considerar também o aspecto psicológico das ocorrências. O tipo de agressão social sofrida pelo assassino, bullying que o levou a um ódio gigantesco pela instituição que deveria amar, afinal estudou lá, e a sequela dificílima de lidar que ele causou em aproximadas 1000 crianças e adolescentes, que presenciaram a tarde de terror, e provavelmente não vão querer voltar tão cedo à escola.

O bullying acontece ai, todo dia, dentro e fora das salas de aula, mas muitos professores e diretores fingem não ver - quando não incentivam até as brincadeiras. O grande problema é que agressão moral não é brincadeira, é crime! A lei já existe, apesar de não ter sido fácil ela está ai, aprovada, mas no dia-a-dia continua acontecendo: gordinho, girafa, careta, nerd, retardado, quatro olhos... a lista é comprida e desagradável, mas de conhecimento geral. Tem quem diga que essas "brincadeiras" sempre existiram e antigamente isso não acontecia, mas antigamente também não se compravam armas pela internet! A agressão sempre existiu, e como em todos os outros aspectos da vida, o ser humano aprimorou suas formas de retaliação.

Precisamos cuidar melhor do nosso futuro, essa é a grande realidade. Não adianta investir na infra da Copa se a educação continuar bagunçada e sem gerência! E precisamos aprender a viver com as diferenças: Deus fez cada um de um jeito especial, único, e é esse o encantamento da vida, ser diferente! É hora de dar um basta na homogeneidade proposta pelo sistema atual e cair na real, cada um é de um jeito e isso é sensacional.

É óbvio que não é porque existe preconceito entre jovens que todos se tornarão psicopatas, mas a nossa sociedade precisa ficar alerta a um conjunto de fatores que vem dando origem à fábrica de monstrinhos brazucas. Escola é lugar de aprender lições e convivência, e deveria ser o segundo lar de qualquer aluno, imprensa não devia conter 80% de tragédias, pois também precisamos dos bons exemplos, venda de armas devia ser melhor controlada, pois vivemos tempos de caos, e as pessoas estão cada vez mais tensas. Agora, principalmente, deveríamos olhar mais por nossas crianças, é nelas que está nossa esperança de vida!

Isso não é trabalho só pro governo não, isso é missão coletiva. Hipocrisia dizer que o governo não está nem aí se você também não faz sua parte, e incentiva preconceitos, violência e intolerância à sua volta. A sociedade é um organismo, e qualquer movimento, por menor que seja, faz diferença no balanço final.

A matéria entrou no caderno Cotidiano da Folha, o que relata a triste situação atual do Brasil: aqui, esse absurdo é assunto de todo dia.


terça-feira, 5 de abril de 2011

E todo o resto, que não tem nenhuma importância...

A vida é cheia de momentos lindos, divertidos, graciosos, que passam meio desapercebidos. É uma flor que nasce no canteiro de uma avenida tumultuada, um reencontro de melhores amigas pra falar de todas as novidades de três dias - que pareceram três anos, é uma criança que abre um sorriso maior que ela ao ver o bisavô chegar na porta da escola, é o cachorro que te reconhece e faz festa antes mesmo que você entre... é a vida que vai acontecendo.

Hoje é muito comum, e até esperado, que nos mantenhamos conectados, plugados. Raros são aqueles que resistem às redes sociais, aos blogs, aos messengers, por pura necessidade de sentir o mundo mais próximo. Olhando por esse prisma, talvez estes mecanismos sejam das maiores criações de nossos tempos, porque diminuem a distância de uma saudade, nem que seja em benditos 140 caracteres, e de repente é como se fôssemos um pouco super-heróis, podendo falar com todos e saber de tudo ali, na distância de um toque #tudojuntoagoraaqui!

Mas percebo que a interatividade e a amizade virtual abriram campo pra um novo tipo de especialista: zelador de rede social! Essa nova profissão parece estar cada vez mais bem cotada, visto que vem se disseminando. Há algum tempo, quem queria saber da vida alheia tinha, ao menos, que se dar ao trabalho de pesquisar... hoje o mecanismo de busca já está ali, à mão.

E é pra se pensar: o que leva alguém a buscar na rotina do outro diversão ou ocupação? Na minha opinião, sinceramente, solidão. Há um certo retrocesso de comportamento ai, quando as pessoas desistem de viver a vida delas pra seguir a dos outros - mas convenhamos, é até um efeito colateral leve perto do que essas redes nos proporcionam. Vida social sem sair de casa, somos quase os Jetsons!

Quem se irrita com isso é porque ainda não se deu conta de que, quem passa todo o tempo atarefado te seguindo, não tem mesmo nada melhor o que fazer. E ponto. Vamos tratar de ser felizes, deixa pra lá!

No fundo, não há post, scrap ou twit que consiga transmitir aquele frio na barriga quando você vê a pessoa que ama, nem o calor de um abraço apertado, ou aquela alegria que você sentiu ao ver um inesperado arco-íris! Talvez quem te quer muito bem entenda, mesmo que você descreva em pouco mais de cem letras - porque essas pessoas especiais entenderiam até sem letras, só com um olhar... mas pro resto vai passar desapercebido, inócuo. Ou seja, pra quem não é importante em sua vida, por mais que te siga até o fim do mundo, só vão sobrar as letras, os números, os acentos, e todo o resto, que não tem absolutamente nenhuma importância! Só sabe efetivamente da nossa vida aqueles que recebem o convite pra fazer parte dela.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tratado das horas

Hora de acordar! Hora do café - cheirinho de pão fresco e café doce da manhã! Hora de despertar! Hora de olhar pra fora da janela e ver o mundo acordando (ou indo dormir, dependendo do caso) encantado! Hora de se olhar no espelho! Hora de sair pra mais um dia!

Hora de trabalhar! Hora de calçar os sapatos pra pisar na poça d'água! Hora de enfrentar o trânsito - e pensar que aquela placa de velocidade máxima 60km/h só pode ser brincadeira de mal gosto, porque você não consegue passar dos 10km/h! Hora de encontrar (ou enfrentar) os colegas de trabalho! Hora de ligar o computador - caso você não ande com um ligado 24 horas por dias... coisas da vida globalizada! Hora de se atualizar! Hora de exercer sua profissão - ou aquela em que conseguiu se colocar! Hora de reunião! Hora de relatório! Hora de chefe - ó vida, ó sorte, ó céus! Hora de organizar o porta lápis e jogar fora os post-its antigos! Hora de raciocinar sobre os prazos a estabelecer - e sofrer pelos estourados! Hora de colocar em prática o que a experiência e a academia te ensinaram!

Hora do almoço! Hora de ir pra casa rever a família/Hora de escolher com quem vai a qual restaurante! Hora de vibrar porque o prato do dia é seu preferido! Hora de reclamar porque não tem talher na mesa! Hora de pensar na comida da mãe e ficar com água na boca! Hora de escolher entre a saudável gelatina e o pecaminoso merengue! Hora de alimentar corpo e alma! Hora do doce de leite pra voltar comendo pro escritório!

Hora de voltar ao trabalho! Hora de refazer seus planos de carreira mentalmente - todo dia se for necessário para encontrar a paz de espírito! Hora de priorizar! Hora de começar a decidir o que vai ter de ficar pra amanhã! Hora de cantar parabéns para aquele colega de trabalho que nem bem conhece - e comer um pedacinho de bolo! Hora de telefonar para clientes! Hora de cobrar e ser cobrado! Hora de bater o ponto! Hora de beijo e não me liga! Hora de até amanhã pessoal!

Hora de academia! Hora de pensar no corpo que sempre quis - e nunca terá, pois até lá o desejo já terá mudado! Hora de dançar! Hora de saúde! Hora de sede... e fome! Hora de correr sem chegar a lugar nenhum na esteira! Hora de tentar entender a novela sem som - que você sequer acompanha! Hora de se motivar: de amanhã em diante será diferente! Hora de pensar em dieta - mesmo sem a menor pretensão de seguí-la! Hora de exercício! Hora de meditar (quiçá dormir) na aula de yoga! Hora de pensar que está fazendo algo por você! Hora de cansaço! Hora de sensação de bem estar!

Hora de voltar pra casa! Hora de beijar e abraçar maridos/esposas (e talvez filhos) como se não os visse há tempos! Hora de matar a saudade! Hora de assistir ao jornal na TV! Hora de lição de casa - seja qual for a esfera da vida, sempre há uma lição de casa! Hora de pensar no dia! Hora de orar e agradecer ao Senhor por mais essas 24 horas em que se viveu mais de 100! Hora de encostar no sofá e se sentir a pessoa mais feliz do mundo! Hora de sensação de dever cumprido! Hora de ler um livro! Hora de apagar as luzes! Hora de dormir! Hora de sonhar!

Tem hora pra tudo nessa vida! Hora de correr e hora de parar, hora de querer e hora de surtar, hora de explicar e hora de entender. Houve a hora de calar por aqui, mas agora é hora de falar... mais ainda! Hora de reencontrar quem sentiu falta desse meu pedacinho de mundo que acontece por aqui!