segunda-feira, 25 de abril de 2011

Num piscar de olhos

A vida é uma festa! Mas não de buffet, com hora pra começar e pra acabar, é tipo uma pool party quase infinita. E o grande mistério está exatamente nisso, podemos fazer quantos planos quisermos pra essa festa, porque ela vai durar pra sempre - ou pelo menos para nosso sempre. Viver é uma delícia sem prazo de validade, mas tudo pode mudar de repente, antes mesmo que você se dê conta de que não fez nem metade de tudo que queria, e já não possa mais fazê-lo...

Acontece com todo mundo. Quando nos damos conta já crescemos, mudamos de emprego, não vemos mais aqueles amigos especiais, moramos em outra cidade - e muitos sonhos acabam sendo deixados para trás, por impossibilidade ou medo de retomá-los. Até ai ok, são as escolhas que fazemos a todo segundo, com o passar da vida. E toda escolha, por mais banal que pareça, tem suas consequências. Não é porque não foram consideradas as reações que a ação poderia ter, que o autor pode se considerar lesado: quem toma suas decisões deve estar preparado para seus desdobramentos. E, sinceramente, não acho que tolos que não avaliam as coisas antes de fazer sejam dignos de pena não, afinal é assim que todo mundo aprende, errando de vez em quando... faz parte da brincadeira!

Mas vejam bem, existe um tipo de pessoa de quem eu tenho pena: aqueles que não entendem o privilégio que é viver. Nessa categoria se enquadram, logicamente, os que querem se matar (que por um motivo micro não conseguem mais enxergar o macro da vida), os que se viciam a fim de esquecer da vida (e passam a viver num limiar de loucura e sanidade) e, principalmente, aqueles que invadem o espaço do outro e destroem suas vidas, num piscar de olhos.

Hoje pela manhã eu estava dirigindo pela Av. Paes de Barros, tranquilamente, quando vejo, na minha frente (sério), um senhor sendo atropelado. O senhorzinho, de idade avançada, estava terminando de atravessar a rua quando um motoqueiro, provavelmente com muita pressa, o atropelou. Prefiro acreditar que não foi intencional, uma vez que o motoqueiro não podia mesmo vê-lo do jeito que dirigia, costurando entre os carros, mas foi um atentado à vida proposital, de um condutor que ao dirigir um veículo parecia mais estar fazendo uso de um porte de arma.

Em um segundo, não mais que isso, o corpo do idoso, já castigado pela idade, voou contra o canteiro central e caiu no chão, parte sobre a calçada, parte na avenida. A cena foi horrível, e também lamentável foi ter passado cerca de dez minutos esperando atendimento da polícia na secretária eletrônica. Sorte que o resgate atende ao telefone mais rápido...

Naquele momento, diversas vidas mudaram, principalmente a do atropelado, que queira o Senhor esteja se recuperando, e daquele motoqueiro, que naquele momento deve ter entendido, da pior forma possível, que o que quer que fosse que ele estava indo fazer não era imprescindível, uma vez que deixou de ser feito. Certamente este homem vai se lembrar dessa cena pelos próximos meses, ou anos, ou o resto de sua vida. As vidas dos dois homens foram marcadas e ligadas para sempre.

Não é viver hoje como se não houvesse amanhã, não é esse o ponto. Nunca concordei muito com isso, porque acho que planejar e construir sonhos é primordial para ter uma vida plena e feliz. Entretanto temos que cuidar da maior preciosidade que temos, nossa vida. E quando eu digo nossa é 'nossa', não cada um por si e Deus por todos! Já dizia a canção, é impossível ser feliz sozinho...

Agora, uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa: cuidar da vida do outro é zelar pelo bem estar e pela condição de vida do outro, não ficar 'tomando conta da vida alheia' só pra ter o que fofocar na mesa de café do escritório. Entendido?

Esse é meu recado de hoje, vamos cuidar da vida. Ou numa forma mais Bond de dizer, viva e deixe viver, perceba que o seu direito acaba onde começa o do próximo. Absolutamente ninguém pode achar que intervir na vida de outrém não terá consequências. Então que sejam intervenções boas, do bem, de paz, que tragam resultados de amor em sua própria vida. Se fizer o bem ao outro pode até não receber nada em troca, mas sua própria atitude será alimento para sua alma e te fará feliz. Se tornar a vida de outro ruim, impedindo-o de realizar seus sonhos e encontrar sua felicidade, cuidado: mesmo que essa pessoa nunca diga nada a marca estará lá, no seu coração, e sua atitude impensada de segundos vai lhe acompanhar pelo resto do seu caminho.

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