terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Eu tenho duas casas...


Eu tenho duas casas, uma de areia e uma de cimento. Numa delas eu ganhei a vida, e na outra eu aprendi a viver. Sempre que tudo parece estar errado é nas minhas casas que eu me encontro, é nelas que eu reencontro minhas razões.

A minha casa de areia é natural, é bonita do jeitinho que Deus fez. Lá o clima é quente, o sal do mar parece se misturar com todo o ar e todo dia tem cara de feriado. Na minha casa de areia as pessoas vivem num passo lento, delicado, simples, que mostra que nem tudo precisa ser acelerado e complicado para ter seu encanto.

A minha casa de cimento é linda, de um jeito caótico que poucos conseguem entender. Ela é o resultado de tudo que nós construímos, não só de cimento, mas também de sonhos e de trabalho. Lá o cinza é que reina, mas as árvores nos canteiros centrais das avenidas têm um verde mais vivo que quaisquer outras, no contraste com a cor de pedra.

Na casa de areia eu me encontro comigo, com a pessoinha romântica e sonhadora que vive dentro de mim e que precisa, de tempos em tempos, reavivar seus ímpetos de construir um mundo perfeito para pessoas perfeitas. Caminhando na areia a beira mar, seja sob a brisa do finzinho de tarde ou com os pés na água gelada da madrugada, tudo parece ser possível, por obra do destino. Olhando a imensidão do mar eu consigo me dar conta do privilégio que é viver nesse mundo lindo.

Na casa de cimento eu me encontro comigo, com a mulher bravia e trabalhadora que mora dentro de mim, que é independente com orgulho e que faz a sua vida, manda no seu destino. Caminhando na Avenida Paulista, num domingo a tarde ou no cair da noite de sexta-feira, eu consigo me dar conta da benção que é poder viver num lugar tão cheio de oportunidades, de diferenças, de cores, de religiõs, de corações, de vida. E de repente todos aqueles prédios parecem tão familiares que são como natureza pra quem aprendeu a ver sua beleza.

Eu tenho duas casas, e meu coração tem duas partes. Uma parte é sereia do mar, e uma parte é dama da terra. Eu sou agraciada pelo céu, pois eu tenho dois lares...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Editando Pessoas


Eu sou editora chefe, como bem sabem, e edito textos pra internet, pro site All Divas, e para impressos, pra Revista Caminhar. A profissão de editora as vezes é um pouco ingrata, pois cabe a editora escolher o que pode ou não ser escrito, as palavras que devem ou não sair do texto, e as vezes alterar tudo que foi escrito em busca do foco, mas ser editora também é cuidar de sua equipe, e assinar embaixo do que eles escrevem, como uma espécie de mãe coruja, que briga, reclama, estressa, mas no final tem muito orgulho do resultado final de sua equipe - e compra a briga caso alguém não goste tanto assim...

Como editora eu trabalho com palavras e com idéias, e muitas vezes tenho que julgar certos ou errados os pontos de vista de jornalistas ou entrevistados e pedir que reformulem suas idéias, ainda que muitas vezes minha vontade pessoal seja apoiá-los. Isso não quer dizer que eu passei a acreditar menos que o jornalismo é a busca pela verdade, mas editores são responsáveis por veículos de mídia que criam ideologias, que destroem governos, que formam opinião, e isso é uma senhora responsabilidade!

Há quem diga que o trabalho de edição é ingrato e difícil - porque é delicado, minucioso e muitas vezes sem reconhecimento, mas eu não concordo. Coordenar uma equipe de pessoas inteligentes, que trazem informação, não pode ser de forma alguma ingrato, e tem seus percalços sim, mas como toda profissão tem os seus...

Entretanto acredito que o mundo anda carecendo de um tipo diferente de editor, não de textos, mas de pessoas. Digo isso porque editar textos eu acho até simples, troca-se uma palavra aqui e outra acolá e ele fica nos eixos, mas como editar as pessoas que parecem não entender as coisas?

Não estou aqui radicalizando, querendo editar todo mundo pra ficar igual ou certinho (mesmo porque sabe-se lá qual a percepção de cada um de "certinho"), mas certas pessoas precisam de uma revisão geral, de uma edição mesmo, pra aprenderem a viver. Sabe aquela pessoa que tem sempre a atitude mais negativa possível, e não adianta todo mundo falar e aconselhar ela insiste em ser assim, mesmo que isso estrague seus dias e os dos outros... essas pessoas me parecem precisar de um guru espiritual, sei lá, ou uma edição... rs

Incluo na categoria dos necessitados de edição aqueles que não conseguem valorizar a vida, aqueles que só conseguem enxergar problemas, aqueles que não respeitam o próximo, aqueles que subestimam a terceira idade e principalmente aqueles que não sabem amar. Pessoas que não conseguem lidar com o amor precisam de uma edição urgente, pra que possam curtir suas vidas!

Agora, nada impede que nós sejamos os editores de nossa própria história, de nossas próprias vidas, analisando, assim como analisamos os pontos e vírgulas de um texto, nossas atitudes e humores, para uma redação final mais feliz.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Ano Novo!


Hoje oficialmente começa o ano de 2010! Hoje todos voltam a trabalhar, estudar, enfim, a vivenciar todos os momentos que daqui doze meses nos farão lembrar com saudade de mais um ano que passou...

Pois bem, desejo um ano novo perfeito para todos nós! Um ano em que nossos desejos se realizem - ainda que para isso tenhamos que entrar num acordo sobre o que realmente desejamos! Muitas vezes nos queixamos de que nossos desejos não se tornam realidade como nos filmes, mas para isso ser possível precisamos efetivamente desejar com vontade, e tendo certeza do que queremos. Ainda que não seja uma certeza material, temos que ter certeza do objetivo que desejamos alcançar, seja ele pessoal, profissional, afetivo, social, enfim: quando desejamos de verdade é como plantar uma sementinha e esperar ela brotar, mas a semente tem de ser de alguma coisa que germine certo? Que em 2010 nossas sementinhas cresçam e se tornem lindas árvores!

Desejo também que nesse novo ano nós experimentemos muitas coisas novas: muitas experiências, muitas risadas, muitos beijos, muitos abraços, muita alegria, muita cantoria, muita diversão - pois como diz o ditado, ano novo, vida nova! Mas desejo também que nesse ano tenhamos a oportunidade de conviver com muitas coisas velhas, como os velhos amigos, os grandes amores, os antigos pijamas, as grandes recordações de tudo de lindo que já construímos... Que a vida nova, do ano novinho em folha, floresça em nossos corações, mas que nela caibam todos os nossos antigos detalhes e carinhos que nos trouxeram até aqui!

Ah, e pra terminar, desejo que neste ano todo a gente mude. Mude de cabelo, mude a cor das paredes, mude os objetos de lugar, mude os destinos das viagens, enfim, que a gente remexa tudo de lugar pra dar uma nova cor pra essa vida linda que temos. Mas que nenhum de nós mude o que realmente é, as cores que carrega na essência, os valores do fundo do coração, porque são essas coisinhas miúdas que nos ajudaram a conquistar todas as pessoas que amamos e temos em volta... e àqueles que já mudaram isso, e esqueceram de escutar seu coração, tenho um aviso sério: pra que 2010 seja diferente e novo você terá de voltar no tempo, e lembrar de seu "eu" velho, aquele que é a sua cara!

Que em 2010 todos nós lembremos, a cada dia, que nenhum de nós é perfeito, e é exatamente aí que está toda a graça e diversão de viver, em cada um ser completamente diferente do outro e um pouquinho igual também. A busca pela perfeição enlouquece os homens, porque é impossível... e aí, quando eles chegam na loucura, acabam percebendo que nela há também alguma perfeição!

Enfim, que nosso novo ano seja perfeito, e que nós sejamos o mais imperfeitos e adoráveis possível!