terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Editando Pessoas


Eu sou editora chefe, como bem sabem, e edito textos pra internet, pro site All Divas, e para impressos, pra Revista Caminhar. A profissão de editora as vezes é um pouco ingrata, pois cabe a editora escolher o que pode ou não ser escrito, as palavras que devem ou não sair do texto, e as vezes alterar tudo que foi escrito em busca do foco, mas ser editora também é cuidar de sua equipe, e assinar embaixo do que eles escrevem, como uma espécie de mãe coruja, que briga, reclama, estressa, mas no final tem muito orgulho do resultado final de sua equipe - e compra a briga caso alguém não goste tanto assim...

Como editora eu trabalho com palavras e com idéias, e muitas vezes tenho que julgar certos ou errados os pontos de vista de jornalistas ou entrevistados e pedir que reformulem suas idéias, ainda que muitas vezes minha vontade pessoal seja apoiá-los. Isso não quer dizer que eu passei a acreditar menos que o jornalismo é a busca pela verdade, mas editores são responsáveis por veículos de mídia que criam ideologias, que destroem governos, que formam opinião, e isso é uma senhora responsabilidade!

Há quem diga que o trabalho de edição é ingrato e difícil - porque é delicado, minucioso e muitas vezes sem reconhecimento, mas eu não concordo. Coordenar uma equipe de pessoas inteligentes, que trazem informação, não pode ser de forma alguma ingrato, e tem seus percalços sim, mas como toda profissão tem os seus...

Entretanto acredito que o mundo anda carecendo de um tipo diferente de editor, não de textos, mas de pessoas. Digo isso porque editar textos eu acho até simples, troca-se uma palavra aqui e outra acolá e ele fica nos eixos, mas como editar as pessoas que parecem não entender as coisas?

Não estou aqui radicalizando, querendo editar todo mundo pra ficar igual ou certinho (mesmo porque sabe-se lá qual a percepção de cada um de "certinho"), mas certas pessoas precisam de uma revisão geral, de uma edição mesmo, pra aprenderem a viver. Sabe aquela pessoa que tem sempre a atitude mais negativa possível, e não adianta todo mundo falar e aconselhar ela insiste em ser assim, mesmo que isso estrague seus dias e os dos outros... essas pessoas me parecem precisar de um guru espiritual, sei lá, ou uma edição... rs

Incluo na categoria dos necessitados de edição aqueles que não conseguem valorizar a vida, aqueles que só conseguem enxergar problemas, aqueles que não respeitam o próximo, aqueles que subestimam a terceira idade e principalmente aqueles que não sabem amar. Pessoas que não conseguem lidar com o amor precisam de uma edição urgente, pra que possam curtir suas vidas!

Agora, nada impede que nós sejamos os editores de nossa própria história, de nossas próprias vidas, analisando, assim como analisamos os pontos e vírgulas de um texto, nossas atitudes e humores, para uma redação final mais feliz.

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