terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Tempo de Felicidade

Dezembro trouxe consigo, como de costume, árvores iluminadas, guirlandas, músicas natalinas, imitações da neve que teimamos em representar a despeito de nosso tropicalismo e, sempre, as cartinhas ao Papai Noel.

Papai Noel talvez tenha sido uma das maiores invenções da humanidade. Independente de qual sua crença a respeito do surgimento da lenda do bom velhinho, seja ela religiosa ou publicitária, é inegável que a personificação do espírito de natal na figura simpática em vermelho e branco - graças à Coca-Cola em particular - já faz parte da cultura mundial, talvez possa ser considerada até um ícone da aldeia global.

Acreditar em Papai Noel pode ter muitas leituras: acreditar no impossível, na caridade, no amor ao próximo, na fé, na ilusão... enfim, crer em uma espécie de mágica que tende a acontecer nos tempos natalinos.

Quando crianças todos acreditamos, até que descobrimos a grande verdade! E levamos alguns anos depois desse momento de grande descoberta para voltarmos a acreditar, então de forma menos comercial e mais entregue, que a grande verdade é que Papai Noel existe sim, dentro de cada um de nós, juntando tudo que temos de melhor e nos fazendo relembrar, ao menos pelo advento de sua chegada anual, o quão valiosa é nossa vida, e como podemos tornar melhor a vida de nossos iguais.

Papai Noel é uma construção coletiva, de sonhos e esforço em prol de outros sonhos. Um grande exemplo disto é a quantidade de cartas enviadas ao Correio endereçadas ao Papai Noel, e que são atendidas! Sem contar todas as ações de entidades de todo o tipo para arrecadar presentes e suprimentos para todas as crianças. Ah, ele deve ficar muito orgulhoso, do alto de seu trenó, ao notar que existe tão fortemente entre nós que nem mesmo as crianças mais carentes deixam de recebe-lo em suas portas no natal.

Talvez nunca tenha havido um único Papai Noel, mas certamente é um nome bem adequado para se dar a este encantamento que toma a todos quando se aproxima a data do nascimento de Jesus - o primeiro Papai Noel, quem sabe, que nos ensinou a amar ao próximo e presentear, ao outro, com nosso carinho e atenção.

E até mesmo aos céticos, os que não acreditam em espírito de natal por quaisquer motivos, que criticam as ações da época em geral encontrando falhas e erros de discurso na montagem das festas e escrita das cartas, Papai Noel vez por outra reserva algumas surpresas... ele realiza um daqueles sonhos antigos, que guardamos no fundo da alma e nos acompanham pela vida, e faz com que estes sejam tocados por sua presença.

Escrevamos nossas cartas ao Papai Noel, assinadas a tinta ou simplesmente em pensamento, e elevemos nossas preces para um natal lindo a todos. Aqueles que ainda não exercitaram seu pedaço Papai Noel tem tempo: leve biscoitos a alguém que quer bem e sente saudades, auxilie alguém a realizar suas atividades, faça uma doação (principalmente de seu tempo) a um grupo de crianças carentes, espalhe presentes de natal de quaisquer preços ou teores, apenas para que demonstrem o quanto as pessoas são importantes para você. Felicidade é resultado de energia coletiva, e se constrói de dentro para fora, na forma de caminhar, não só ao fim do caminho.

E que chegue um natal precioso para todos nós! Amém!

domingo, 28 de agosto de 2011

Concurso para repórter

Acabei de ter a satisfação (não encontro outra palavra) de assistir ao reality show “A Casa da Ana Hickmann” e, sinceramente, preciso externar minha opinião: estão ‘tirando um sarro’ com a cara das jornalistas!

O que é, supostamente, “uma competição séria e respeitosa que busca uma nova repórter para o programa da Ana”, não passa de um grande desrespeito com a profissão de jornalista, que desempenha, na maioria dos casos, a profissão de repórter.

Eu já fui repórter, e tenho grandes amigas que também o foram ou ainda o são. E exercem com grande talento a profissão nos mais diferentes segmentos, desde economia até moda e mercado de luxo. E a maioria de nós já teve que passar por situações desagradáveis com pessoas que não respeitavam nossa profissão, que pensavam poder nos tratar de forma deselegante ou nos cantar abertamente, como se não estivéssemos ali a trabalho, como jornalistas.

Entendo que, em determinadas situações, como programas de humor e afins, profissão de repórter é estereotipada, assim como todas as outras profissões, e não se considera isso desrespeito, porque se trata de humor. Agora, uma mulher bem-sucedida e inteligente como a Ana lançar um concurso de repórter, com o discurso de sério e busca de novos talentos, em que as provas são desfilar de biquíni e posar pra fotos sensuais de lingerie é um pouco controverso.

Digo controverso porque ela mesmo, a própria Ana, demorou um bom tempo até que o Brasil a reconhecesse como empresária e comunicadora.

Colegas jornalistas, vos pergunto: será que faltamos a todas as aulas de passarela na faculdade, ou será que nossa grade curricular era deficitária, por isso não aprendemos a desfilar de roupa íntima???

Aliás, pra que faculdade, sabendo pular de grandes alturas, comer com os talheres corretos e, principalmente, não fazendo as janelas de varal?

Eu tenho grande respeito pela profissão de modelo, e uma das minhas melhores amigas é modelo internacional, de quem me orgulho muito. Mas essa não é minha profissão, e assim como não estudei ou me aprimorei para fazer caras e bocas num ensaio sensual, elas também não estudaram e nem trabalharam para uma boa edição ou redação de um texto e/ou matéria.

Existem talentos individuais que podem, sim, se destacar nas duas áreas, porém não é através de “book” que se escolhem as repórteres dos cadernos da Folha de São Paulo e do Estadão, sejam eles quais forem. E espero que assim continue, porque num país como o Brasil, onde a cultura e a educação ainda precisam lutar tanto pra se destacar, seria triste uma inversão de valores desta medida.

Digamos que, como entretenimento, a tal casa é bem planejada e editada, mas como uma espécie de seleção para repórter chega a ser ultrajante. Vocês imaginam a Fátima Bernardes desfilando de biquíni? Ou a Neide Duarte fazendo fotos de lingerie para fazer parte de uma equipe? Ou até a própria Chris Flores, ex-companheira de apresentação da Ana, rebolando na tv pra mostrar os detalhes do sutiã e da calcinha estilo romântico?

Que nossas jornalistas continuem lindas e corajosas, como sempre foram, e que tenham a capacidade de apurar fatos como grandes profissionais. Um grande aplauso ao repórter destemido! Mas que situações como essa, que trazem à tona velhas discussões como o “teste do sofá” para repórteres femininas de grandes emissoras, e a falta de necessidade de talento e formação para repórteres que tenham uma boa aparência, sejam reconhecidas apenas como entretenimento e não como uma busca por novos talentos.

Porque, sinceramente, a maioria das repórteres bonitas e competentes que se vê por aí não precisaram de nada além de inteligência e talento para comunicação para demonstrar ao mundo seu valor. Elas não dançaram na beira da piscina com “homens sarados” e podem não ficar tão bem com cílios postiços, mas o que elas dizem e o trabalho que desenvolvem faz com que sejam algumas das mulheres mais respeitadas e elogiadas do Brasil.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Eu não sei o que eu quero, e daí?

De vez em quando alguém me diz, com aquela cara de quem descobriu a pólvora, que eu não sei o que eu quero. E parece que essa grande constatação que meus amigos têm, vez por outra, é a resposta para todos os meus problemas: se eu realmente soubesse o que eu quero tudo seria diferente...

Me olho no espelho todo dia e vejo algo diferente quando acordo. Já tive o cabelo curto e comprido, e já passei horas a fio tentando cachear e outras tantas prendendo-os em coques impecáveis. Pois é, eu mudo de ideia, e como posso fazer isso, mudo sempre que desejo!

Tem dias que eu acordo Grace Kelly, e tem dias que eu acordo Madonna. Nos meus armários coabitam calças rasgadas estilo rock and roll e tailleurs de deixar Chanel orgulhosa. Meu estilo é versátil, combina com meu sorriso e com meu humor! Aproveito diariamente o meu direito de mudar e orno meu exterior com meu interior, como eu bem entendo.

Meus esmaltes já foram pretos, brancos e azuis. Deixei os vermelhos de lado por um pedido de alguém muito especial, e quer saber, me senti bem com isso! As vezes eu deixo de fazer algumas coisas pelas pessoas que eu amo, e eu não me importo. Talvez seja sinal de que eu não saiba o que eu quero, talvez seja sinal de que eu sei a quem quero bem.

Minhas cores são sempre minhas, mas mudam todo dia. Gosto muito dos tons de rosa, dizem que é minha cor, mas tem dias que eles me cansam e preciso de algo mais visceral. O branco e o preto me atraem pelo contraste, eu gosto de opostos. O azul também pode ser tão inspirador... Ah, eu não sei o que eu quero, então experimento tudo, e sinto um prazer indescritível em provar todas as cores do mundo!

Já namorei bastante, já conheci muita gente, já mudei de opinião sobre o que eu queria e sobre as pessoas - e sobrevivi! Já tive grandes paixões e grandes amores, e hoje eu sei diferenciar uma coisa da outra, graças a não saber assim, tão ao certo, o que eu queria, e ter me dado a oportunidade de tentar algo diferente. Também já achei que ia morrer de amor e já reconsiderei, pensando no desperdício que seria. É tão bom não ter que estar sempre certa e poder querer algo novo e mais inexplicável todos os dias...

Quis ser professora, publicitária, caixa de supermercado, presidente da república. Nunca quis ser médica, posso dizer pelo menos que sei o que eu não quero! Por hora sou pedagoga, jornalista, bailarina, mas posso ser ainda outras, são tantas possibilidades que nem eu sei o que eu posso querer amanhã... e aprendi que é o primeiro passo de poder, sempre.

Talvez ninguém saiba assim, tão bem, o que quer. E mesmo que saiba, isso não significa que não possa mudar de ideia. Poder mudar todos os dias de opinião é um presente que a vida nos dá, e só aproveita quem é inteligente o suficiente para perceber.

O mundo não chegou aonde está porque todos andaram sempre no mesmo caminho. Se hoje temos tantas possibilidades de escolha é porque muitos outros mudaram de opinião, ousaram e arriscaram fazer tudo diferente, do seu jeito. E por que? Ah, porque eles queriam, ou porque talvez não soubessem tão bem assim o que queriam!

Com sua licença, mas ainda bem que eu não sei o que eu quero! Assim posso decidir, todos os dias, o que me faz mais feliz nos instantes que vão ser, de novo e de novo, os primeiros momentos do resto da minha vida.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Descartando vidas

A vida vai passando e pessoas vão entrando e saindo nela a todo instante, mais ou menos importantes, pouco ou muito marcantes. É como um trem, no qual somos o maquinista: não temos controle sobre quem embarca e desembarca, nem por quanto tempo eles permanecem conosco - e, se quisermos, paramos o trem e fazemos com que desça quem não é mais bem quisto. A vida é assim, apesar de não nos deixar escolher quem irá atuar conosco, nos dá a oportunidade de dispensar - caso seja de nossa vontade - àqueles que não desempenham o papel como esperamos.

Há alguns meses decidi levar uma filhotinha de coelho toy para casa. Era um gracinha de animal, pequenino, branquinho, parecia de brinquedo! O rapaz do pet me garantiu que só cresceria mais 10cm, que era uma raça miúda que poderia ser criada em casa. Comprei os acessórios necessários e a Blanche passou a fazer parte da minha rotina. Mas como era de se esperar, afinal apesar de toda fofura não é uma coelha de pelúcia, ela cresceu. E como cresceu! Cheguei ao ponto de ter de comprar novos acessórios, pois os dela já não serviam mais, e ela não parava de crescer. Percebi então que não se tratava de um coelho toy, e sim de um coelho tradicional, do tipo que fica bem grande e precisa de muito espaço...

Durante o crescimento cheguei a ir algumas vezes ao pet, mas nunca encontrava o veterinário para me explicar o que estava acontecendo. Hoje fui até lá e resolvi esperá-lo até que aparecesse, e, quando chegou, ele confirmou minha impressão e me propôs que a levasse de volta, a fim de trocar por outra menor. A minha iria de volta ao criador e lá ele decidiria o que fazer, pois ele tem várias criações, inclusive para abate. Depois de quatro meses comigo. Obviamente disse a ele que não faria isso, era absurdo, e então ele tentou me convencer de que era o melhor a fazer, inclusive citando os problemas que ela pode causar, e finalizando com a frase: "acho melhor você desistir".

Saí de lá com muita pena desse Dr. que, mesmo tão jovem e numa profissão tão especial, parece ainda não ter entendido como funciona a participação das criaturas vivas, que aprendemos a amar, em nossas vidas. Não desistimos de animais, como não desistimos de pessoas, só porque as coisas não saíram exatamente como esperávamos. Nos adaptamos, procuramos soluções, no caso mais extremo até nos afastamos para que o outro seja mais feliz, tenha mais qualidade de vida... mas desistir não.

Se algo pulsa, vive, compreende, e é capaz de participar da sua vida modificando-a diariamente, o mínimo que merece é respeito, carinho e atenção. Independente do que é ou não mais conveniente.

Há pessoas que desistem de pessoas, e sabemos disso. Maltratam filhos, são displicentes com idosos, assassinam pais, jogam crianças em lixos. Existem também aqueles que desistem de uma forma menos violenta mas igualmente dolorosa, quando chamam o outro de idiota e duvidam de sua capacidade de aprender, quando não se esforçam pra compreender o que outro precisa, quando por preconceito julgam outros inferiores a si, quando esquecem que são as pequenas ações que mudam o mundo e já o dão por perdido, sem salvação.

Há também pessoas que desistem de animais. São cães que já foram guardas, guias e companheiros e ficam jogados pelas ruas porque estão velhos e feios - e precisam de muitos cuidados, são gatos que não puderam ser levados com os móveis na mudança e perderam a 'serventia', são peixes que passam a dar muito trabalho e são jogados - não tão acidentalmente - em lixos e vasos, são animais descartados, como se não estivessem vivos, fossem apenas adereços. Brinquedos de luxo do bicho homem.

Mas animais não abandonam animais por futilidades. Pelo menos não os irracionais. Estes cuidam, protegem, se unem, e agem de acordo com sua natureza, com suas possibilidades. Nesse momento acho sábio questionar essa nossa racionalidade de ser humano, que pode estar seriamente comprometida por conta dessa busca pela praticidade e satisfação, descartando com facilidade demais tudo aquilo que não se encaixa perfeitamente em nosso projeto de vida - inanimado ou não.





terça-feira, 21 de junho de 2011

Sobre o futuro

O que será que nos espera daqui a alguns anos? Lares automatizados no melhor estilo 'Jetsons' ou cidades devastadas e problemas com falta de água e energia advindos do nosso mau comportamento com o meio ambiente?

Cada dia vejo mais filmes e livros sobre profecias e premonições acerca de um destino terrível para os seres humanos, um futuro de dar medo! Seja porque o mundo vai acabar, porque a Terra vai explodir, porque as pessoas vão se deformar, ou até pelo religioso Apocalipse, um enorme número de pessoas parece estar motivado a falar sobre as possíveis catástrofes que podem dar fim a nossa existência nos próximos tempos. Isso pode acontecer ou não, mas para algumas dessas hipóteses uma mudança de comportamento hoje garantiria um amanhã melhor - ou um amanhã qualquer.

Por outro lado, esta semana ainda, foi testada com sucesso em laboratório, a primeira vacina contra câncer de próstata, e em dois anos estão previstos os testes humanos! Isso é praticamente a redescoberta da pólvora, é a possibilidade de esperança pra que nossos filhos e netos não sofram com o que é, possivelmente, o maior mal dos dias modernos. Em outras palavras, existem também previsões de um futuro muito doce nos esperando ai pra frente...

Sem contar milhões de razões que temos para acreditar que o que nos espera há de ser fantástico. A nova campanha comercial da Coca-Cola, que levanta o tema "dos bons serem maioria" e muito sabiamente atrelou a marca ao conceito de felicidade, se tornou uma febre em poucos dias por um motivo óbvio: queremos muito acreditar que o bem prevalece, e precisamos de reforço para isso, frente a todo o horror que assistimos diariamente, praticado pelo próprio ser humano! Ações voltadas aos bons exemplos e bons comportamentos serão cada dia mais valorizadas, a fim de motivar as sociedades.

De qualquer forma temos de entrar na linha, cuidar de nossas crianças para que levem a frente nossas perspectivas de mundo melhor, cuidar desse planeta que tão bem cuida de nós, cuidar para que não sejamos nós mesmos os produtores do tal "fim dos tempos". O futuro é a adição de tempo passado mais presente, sistematicamente, e não tem como mudar o resultado sem alterar as parcelas da equação. Uma vez que o passado não permite esse tipo de interferência, o jeito é darmos uma repensada no presente... e o futuro tem tudo para ser brilhante!





quinta-feira, 9 de junho de 2011

Essencialmente

O ser humano é essencialmente bom. Muitas pessoas, diariamente, tentam deturpar essa verdade, possivelmente a origem de toda a existência social, afinal, não é fácil fazer planos com outras pessoas. Mas a bondade é inerente a cada um de nós. São as condições adversas que a vida social apresenta, criadas muitas vezes por nós mesmos, que deforma em alguns esta característica primária e essencial.

Hoje o dia amanheceu chuvoso, nublado e triste. Um ônibus, na cidade de São Caetano do Sul, tombou sobre uma linha ferroviária, e um trem, que vinha pelos trilhos onde o ônibus caiu, colidiu apesar da tentativa de parar. O acidente resultou em 14 feridos, o que se multiplica quando se considera as 14 famílias em desespero.

A situação chamou a atenção de todas as emissoras de rádio e TV, fotógrafos e jornalistas logo estavam noticiando e mostrando imagens do trágico ocorrido, com direito a vídeos amadores e simulações virtuais do momento em que o ônibus e o trem se chocaram. Mas poucos, para não dizer um único repórter, conseguiram enxergar e transmitir a magnitude da bondade humana acontecida, ou a providência divina para aqueles que crêem: Quem socorreu os passageiros feridos do ônibus, antes da chegada dos bombeiros e do resgate, foram os próprios passageiros do trem, que não se machucaram.

Estamos falando aqui de atitudes de pronto, incitadas por capacidades inatas, essenciais, e não advindas de treinamentos de primeiros socorros ou salvamento.

Em momentos como esse a centelha divina que cada um de nós carrega em si se comprova, não por palavras mas por atos. Não importou, naquele instante de segundo em que se abateu uma tragédia na vida daquelas pessoas, quem era rico e quem não era, quem estava indo trabalhar ou passear, que celular cada um deles tinha ou qual o estilo de moda ao que eram adeptos. Eram apenas pessoas ajudando pessoas, iguais auxiliando seus iguais. E a essência 'do bem' mais uma vez estava lá.

Criamos labirintos sociais tão complexos, de quantidade e tamanho, que muitas vezes perdemos a nós mesmos dentro de tantas aspirações e desejos... mas a inspiração real, aquela que nos mantém vivos e vem do coração, nunca se perde. Alguns a guardaram tão no fundo das gavetas da alma que precisam de uma situação extrema para reencontrá-la, outros a tem bem por perto, em ações diárias que os ajudam a lembrar do que realmente importa nessa vida. Mas Deus nunca desiste, de nenhum de nós, e assim a vida passa a fazer todo o sentido.

Somos essencialmente bons, somos particularmente divinos.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

As linhas de Deus

Já dizia o ditado: "Deus escreve certo por linhas tortas", mas tortas por qual ponto de vista? Até onde vai o tal livre arbítrio uma vez que acreditamos em um destino... Hoje eu assisti Agentes do Destino, e recomendo! É um filme lindo que, basicamente, fala de Deus e das escolhas que fazemos na vida, e leva a uma reflexão bem profunda sobre termos um caminho previamente traçado pelo pessoal lá de cima.

Aprendi, desde muito nova, a acreditar em destino, simplesmente porque a história da minha família é permeada de coincidências absurdas, intuições e visões que se concretizaram 'do jeitinho que foi previsto', como se a história já estivesse prontinha em algum outro plano só esperando pra ser vivida. Sendo assim minha identificação com o filme foi total. Mas mesmo quem desconfia das questões do destino deve se perguntar, eventualmente, porque alguns momentos são inexplicáveis...

Sabe quando você abraça uma pessoa e parece que se funde com ela, como se fosse uma coisa só? E quando você mal conhece alguém e simplesmente sabe o que fazer pra agradar, porque de alguma forma você já a conhece? Sem contar o tal sentimento de pertencimento que o filme cita, essa coisa de você ter a impressão de que o destino fica colocando uma pessoa no seu caminho toda hora, como se vocês fizessem parte de um mesmo plano... quem nunca sentiu isso que atire a primeira pedra!

Pra mim é certo que Deus tem um plano especial pra todos nós, e que de vez em quando vem um anjinho e coloca a gente na linha, ou coloca a gente a prova dependendo do caso... O difícil é saber quando é uma coisa e quando é outra: quando as coisas acontecem pra nos mostrar uma verdade e nos recolocar no eixo, e quando elas acontecem como uma prova pra testar até onde vai nossa fé, qual é o nosso limite frente aos nossos sonhos, qual a raiz dos nossos valores.

Desde semana passada eu fui obrigada a reavaliar algumas premissas, e estou meio bagunçada... E o que desencadeou essa série de revoluções interiores foi um momento que, por mais louco que isso soe, parecia que já tinha acontecido, de tão natural que foi.

Esse talvez seja o instante em que percebemos que talvez esteja mesmo escrito, quando uma coisa absolutamente descabida acontece, e a sensação é de que era exatamente a coisa mais perfeita que podia acontecer naquele momento. E o mais curioso é que, a despeito de todos os planos de reação que elaboramos diariamente (mesmo que de forma subconsciente) para as mais diversas situações, nessa hora nem é preciso pensar, é instintivo. Simplesmente é a coisa certa, sem mais.

O grande desafio é tentar entender esse plano maior ao qual estamos submetidos, porque isso nos toma muito tempo e energia - que poderíamos usar para sermos simplesmente felizes. Talvez o cerne da questão seja aprendermos a deixar a vida acontecer, e encontrar nossa forma unica e especial de entrar em contato com o cara lá de cima pra perguntar: e agora, o que eu faço? Mas é difícil deixar Deus tomar conta de tudo sem interferir...

Você acredita em coincidência, em acaso, em eventualidade? Cada ação tem uma reação, fato, mas e as reações sem aparente causa motivadora? Cada lugar que você esteve te trouxe algo novo, cada pessoa que conheceu te deu uma sensação diferente, cada ato teve um desdobramento, cada sentimento te levou a um caminho. Será mesmo que conhecer aquela pessoa ou tomar aquela atitude foram situações soltas, sem propósito definido, meras casualidades? Ou será que você estava na hora certa e no lugar certo exatamente para que aquilo acontecesse? Acho a segunda opção mais aceitável, estamos sempre na hora certa e no lugar exato...

De qualquer forma, todo mundo que acredita em Deus deveria assistir esse filme, independente de religião e outros detalhes - para reorganizar mentalmente suas convicções acerca das tais coincidências da vida, ou acerca de como devemos lidar com o plano traçado para nós.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Lembranças

Possivelmente as memórias emotivas são as lembranças mais profundas que temos. É como escrever nomes numa árvore, quanto mais fundo entra o canivete, mais intrínseco fica o desejo. Suponho que Deus nos deu o dom de lembrar para que possamos carregar pedaços de mundo em nós, e assim irmos nos tornando, aos pouquinhos, mais próximos do céu.

A potência das lembranças é infinita, ultrapassa nosso poder de consciência. Tem dias, como hoje, que me recordo de algo vagamente, por um cheiro ou um gosto, e de repente o mundo ganha outros ares, mesmo que a lembrança propriamente dita esteja perdida lá, nos idos do meu pensamento. Nessas horas a alma voa livre, despretensiosa, pra uma felicidade que você guardou tão bem guardada que não acha a gaveta, mas que é sua, se tornou parte de você como um fio de cabelo.

Quem nunca sentiu o cheiro da chuva e lembrou de uma tempestade que te fez ver o mundo mais bonito quando terminou? Quem ao sentir um cheiro de flor de campo não lembrou do quintal da avó? Quem ao ver um casal de namorados não lembrou de seus romances? Quem não tem lembranças perdeu uma parte de si mesmo...

Há quem reclame da saudade, mas ela é como uma força motriz, impulsionando reencontros e redescobertas. Cada momento passado ao lado de alguém que se ama é uma descoberta, e, quando o tempo te separa desse alguém, a saudade é a máquina fascinante que te leva de volta àquele momento, que ficou gravado para todo o sempre na caixa de música da vida. E, de tão apaixonada que é, ela ainda sussurra no seu ouvido: vá lá, surpreenda, reencontre, redescubra, viva.

Um sorriso, um piscar de olhos, um pedido de cuidado e outro de casamento, uma flor, uma cor, uma canção. Um suco de abacaxi, um livro marcado, um fecho de brinco perdido, uma foto que amarelou. Um conto, um canto, seu canto. Um movimento, uma clave de sol, uma cicatriz no tornozelo, um laço de fita amarela. E até aquele que pensou saber de tudo se rende à um mundo que, de tão seu, se tornou inatingível pela razão.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pessoas especiais

Tem pessoas que são simplesmente diferenciadas. E elas entram na nossa vida da maneira mais incauta possível, na maioria das vezes de um jeito que a gente nem desconfia que elas vão merecer alguma atenção especial...

Inclua-se em pessoas especiais amores e amigos, ou seja, aqueles a quem você efetivamente dedica boa parte de sua energia e paciência - porque pessoas especiais exigem paciência... muita!

Acredito que nós sempre sabemos quando uma pessoa vai se tornar especial em nosso caminho, de cara. Todo mundo tem um pouco de intuição, uma primeira impressão unica quando conhece um pessoa ou um grupo. Isso independe de crença religiosa, apesar de que particularmente eu acredito que temos algumas lembranças de outras existências. O que tem é que a gente bloqueia esse primeiro feeling, até em nome de não ser preconceituoso ou moralista. Mas ele existe, e depois acabamos percebendo isso com o passar do tempo.

Quando você conhece alguém especial essa pessoa chama a sua atenção. Se ela estiver no meio de um grupo então fica ainda mais visível, porque você percebe que, mesmo sem querer, aquela pessoa 'capturou' você. E as vezes isso acontece com mais de uma pessoa num mesmo grupo, algumas pessoas te prendem, por motivos diversos ou por absolutamente nenhum motivo... sem contar aquelas pessoas com quem você não troca uma palavra e não tira da cabeça, ou fala por cinco minutos e parece que conhece há uma vida inteira!

Tenho hoje, como as pessoas mais especiais em minha vida, pessoas que conheci em reuniões, em sofás, em festas, em salas de aula, em cozinhas e, pasme, até em banheiros. O fato mais curioso é que nem todas elas me causaram boa impressão inicialmente, algumas me despertaram aversão e até raiva. Era como se estivesse escrito no meu livrinho do Destino que eu deveria conhecê-las, compartilhar momentos com elas e compreendê-las, e elas me fariam bem por estarem ali - e de que forma iriam chamar minha atenção não era importante, contanto que o fizessem.

E há também as pessoas especiais que somos nós que impactamos, que se impressionam com a gente e decidem fazer parte da nossa vida, e quando percebemos já aconteceu, e se torna impossível pensar a vida sem elas... Talvez também não tenhamos causado uma primeira impressão muito boa nelas, mas de alguma forma nossas existências tinham uma conexão, e elas foram mais sensíveis a isso. Ainda bem!

As histórias mais bonitas de minha vida certamente começaram assim, meio sem querer, como a vida deve ser... E vivo me deparando com fotos antigas em que estou sentada ao lado de pessoas que hoje são primordiais pra mim mas na época eram 'mais um da turma', ou me recordo de eventos em que passei horas, ou bons minutos, conversando sobre um assunto trivial com alguém que hoje ouve minhas maiores confissões. É como se a vida fosse um enorme quebra cabeça, e vamos encontrando as pecinhas certas nos lugares mais inesperados. E, depois de encontrá-las, precisamos dar tempo ao tempo para que se encaixem, cada uma ao seu momento.

Certa vez escrevi, numa nota, em meu primeiro livro: "Talvez seja uma grande coincidência. Talvez não. Talvez algumas coisas estejam realmente escritas em nosso destino". Ou eu lembrei isso de uma outra existência, ou um anjo me soprou isso no ouvido... porque eu certamente não tinha, àquelas alturas, todo esse respeito pelo destino. Eu ainda achava que eu podia mudar as coisas e as pessoas, depois conclui que eu não podia mudar nada, que era refém do meu destino. Hoje tenho a serenidade de aceitar o que está escrito, por ter a certeza de que foi escrito com amor, para a minha felicidade.

Pessoas especiais, fiquem por perto! Mesmo quando eu for insuportável, terrível, teimosa, insensata. Dividam comigo minhas alegrias e minhas vitórias. Estejam ali comigo sempre, pois sempre serão bem vindos e nunca precisarão de convites. Não desistam nunca de mim ok, nem quando eu merecer... Obrigada por tornar a vida mais colorida! E não me perguntem para quem escrevi esse texto, odeio os óbvios. Cada um tem em si parte de seus especiais, partes de suas partes, e vocês já sabem com quem estou falando desde a primeira linha.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Num piscar de olhos

A vida é uma festa! Mas não de buffet, com hora pra começar e pra acabar, é tipo uma pool party quase infinita. E o grande mistério está exatamente nisso, podemos fazer quantos planos quisermos pra essa festa, porque ela vai durar pra sempre - ou pelo menos para nosso sempre. Viver é uma delícia sem prazo de validade, mas tudo pode mudar de repente, antes mesmo que você se dê conta de que não fez nem metade de tudo que queria, e já não possa mais fazê-lo...

Acontece com todo mundo. Quando nos damos conta já crescemos, mudamos de emprego, não vemos mais aqueles amigos especiais, moramos em outra cidade - e muitos sonhos acabam sendo deixados para trás, por impossibilidade ou medo de retomá-los. Até ai ok, são as escolhas que fazemos a todo segundo, com o passar da vida. E toda escolha, por mais banal que pareça, tem suas consequências. Não é porque não foram consideradas as reações que a ação poderia ter, que o autor pode se considerar lesado: quem toma suas decisões deve estar preparado para seus desdobramentos. E, sinceramente, não acho que tolos que não avaliam as coisas antes de fazer sejam dignos de pena não, afinal é assim que todo mundo aprende, errando de vez em quando... faz parte da brincadeira!

Mas vejam bem, existe um tipo de pessoa de quem eu tenho pena: aqueles que não entendem o privilégio que é viver. Nessa categoria se enquadram, logicamente, os que querem se matar (que por um motivo micro não conseguem mais enxergar o macro da vida), os que se viciam a fim de esquecer da vida (e passam a viver num limiar de loucura e sanidade) e, principalmente, aqueles que invadem o espaço do outro e destroem suas vidas, num piscar de olhos.

Hoje pela manhã eu estava dirigindo pela Av. Paes de Barros, tranquilamente, quando vejo, na minha frente (sério), um senhor sendo atropelado. O senhorzinho, de idade avançada, estava terminando de atravessar a rua quando um motoqueiro, provavelmente com muita pressa, o atropelou. Prefiro acreditar que não foi intencional, uma vez que o motoqueiro não podia mesmo vê-lo do jeito que dirigia, costurando entre os carros, mas foi um atentado à vida proposital, de um condutor que ao dirigir um veículo parecia mais estar fazendo uso de um porte de arma.

Em um segundo, não mais que isso, o corpo do idoso, já castigado pela idade, voou contra o canteiro central e caiu no chão, parte sobre a calçada, parte na avenida. A cena foi horrível, e também lamentável foi ter passado cerca de dez minutos esperando atendimento da polícia na secretária eletrônica. Sorte que o resgate atende ao telefone mais rápido...

Naquele momento, diversas vidas mudaram, principalmente a do atropelado, que queira o Senhor esteja se recuperando, e daquele motoqueiro, que naquele momento deve ter entendido, da pior forma possível, que o que quer que fosse que ele estava indo fazer não era imprescindível, uma vez que deixou de ser feito. Certamente este homem vai se lembrar dessa cena pelos próximos meses, ou anos, ou o resto de sua vida. As vidas dos dois homens foram marcadas e ligadas para sempre.

Não é viver hoje como se não houvesse amanhã, não é esse o ponto. Nunca concordei muito com isso, porque acho que planejar e construir sonhos é primordial para ter uma vida plena e feliz. Entretanto temos que cuidar da maior preciosidade que temos, nossa vida. E quando eu digo nossa é 'nossa', não cada um por si e Deus por todos! Já dizia a canção, é impossível ser feliz sozinho...

Agora, uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa: cuidar da vida do outro é zelar pelo bem estar e pela condição de vida do outro, não ficar 'tomando conta da vida alheia' só pra ter o que fofocar na mesa de café do escritório. Entendido?

Esse é meu recado de hoje, vamos cuidar da vida. Ou numa forma mais Bond de dizer, viva e deixe viver, perceba que o seu direito acaba onde começa o do próximo. Absolutamente ninguém pode achar que intervir na vida de outrém não terá consequências. Então que sejam intervenções boas, do bem, de paz, que tragam resultados de amor em sua própria vida. Se fizer o bem ao outro pode até não receber nada em troca, mas sua própria atitude será alimento para sua alma e te fará feliz. Se tornar a vida de outro ruim, impedindo-o de realizar seus sonhos e encontrar sua felicidade, cuidado: mesmo que essa pessoa nunca diga nada a marca estará lá, no seu coração, e sua atitude impensada de segundos vai lhe acompanhar pelo resto do seu caminho.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Por que não uma Nhá Benta?

Por mais que o discurso da beleza interior seja a cada dia mais apoiado, quem nos conhece compra primeiro a imagem, depois vem todo o resto... O ser humano em geral é instintivamente ligado ao visual, e não tem teoria de auto ajuda que possa alterar uma característica que é inata. Não que a aparência seja o principal, mas temos que admitir: é um fator inegável nas relações humanas.

O que você parece? Se pararmos pra pensar nisso, provavelmente vamos chegar numa resposta divergente do que parecemos realmente aos outros. Cada um vê o outro de uma forma, mas algumas características já se tornaram padrões, e é muito difícil combatê-los. E o mercado, obviamente, se aproveita desses estereótipos para vender a coisa certa para a pessoa certa, ou quase isso...

O tal Ferrero Rocher é um exemplo disso. Estava assistindo a um comercial da Ferrero, em que os bombons são indicados para presentear mulheres sofisticadas e elegantes, num cenário rico, dourado, ao som de música clássica - como usualmente são as peças da marca. Em outras palavras, a mídia de certa forma tira das pessoas a necessidade de pensar a respeito de quem vai se presentear, padronizando todos em categorias!

Ai as mulheres reclamam: não há mais cavalheiros no mundo! E os homens reclamam: nunca recebo presentes de que realmente gosto. E todos pensam: acho que no fundo ninguém me entende!

A verdade não é que ninguém entende ninguém, e sim que quase ninguém conhece ninguém. Nos deixamos enganar pelos esquadros e esquecemos que cada pessoa é única, e pensa de um jeito, gosta de algumas coisas, chora com determinado filme, prefere o azul ao violeta. Não é por mal, mas a falta de tempo é perigosa, nos leva sempre pro caminho mais fácil...

O negócio é realmente prestar atenção nas pessoas, na riqueza que elas são muito mais que na que elas têm. Essa semana ouvi de um grande amigo que se, de cada experiência que temos profissionalmente, conseguirmos levar ao menos cinco bons amigos e dez pessoas interessantes com quem conversar temos, ai, nosso tesouro recebido por aquele trabalho. E, de fato, a idéia de que 'somos quem conhecemos' é antiga e bem conhecida - entretanto, cabe a pergunta: quem realmente conhecemos?

Completamente, 100%, não conhecemos nem nós mesmos! Uma hora ou outra acabamos tendo atitudes que nem acreditávamos ser capazes... Mas é importante conhecer relativamente bem as pessoas com quem dividimos a vida, amigos e amores. De vez em quando alguém me diz estar decepcionado porque achava que conhecia alguém que fez algo muito errado ou esquisito, mas se nos esforçarmos pra conhecer melhor (e esperar atitudes mais próximas do perfil de cada um) vamos nos decepcionar menos. As pessoas não mudam, elas se adaptam, elas cedem em alguns comportamentos pelo bem de um relacionamento, mas elas não mudam.

Achar que se conhece alguém pelo que esse alguém aparenta pode ser, inclusive, um tiro no pé! Eu, por exemplo, devo ter jeito de sofisticada, porque já ganhei caixas e mais caixas de Ferrero Rocher. Falando sério, até uma árvore deles eu já ganhei. Sem contar um novo da Kopenhagen, que é igual ao Ferrero e vem numa caixa de jóia, um luxo que me persegue. E eu ODEIO Ferrero Rocher!!! Resultado: seja lá qual foi o esforço de quem me deu eu vou agradecer e vai ficar lá, pra quem visitar minha casa, porque pra mim não vai parecer um elogio, e sim que a pessoa não me conhece nem um pouco - e, agora, que nem meu blog lê...rs

Conhecer alguém não é saber seu número de telefone e uma ou outra preferência. É muito mais que isso! É conhecer seus pequenos segredos, suas loucuras, seus desejos, o que ela é sob tudo que ela aparenta - e ainda assim gostar dela!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Rio de Janeiro continua lindo!

O Rio de Janeiro é lindo, e sempre vai ser... apesar da minha paixão pela cidade cinza de concreto, o Rio tem um colorido e uma alegria que é a cara do Brasil! E não é à toa que agora toda essa energia da cidade maravilhosa está sendo vista pelo mundo todo na belíssima animação "Rio".

Inegavelmente o filme é sensacional, daqueles que encantam gente pequena e gente grande: os primeiros pelo visual e pelos personagens carismáticos, e os últimos pela comédia sarcástica, que vêm ganhando mais espaço a cada dia nesse cinema 'pra todo mundo'. Imagine um casal romântico de araras azuis, sendo ele um nerd que vive na neve norte-americana e ela uma bela nativa, louca pela liberdade - pronto, está formatada a comédia romântica! Sem contar os imprescindíveis amigos brasileiros das aves, um tucano que dá dicas de conquista, e dois fiéis escudeiros tipicamente brasileiros, prontos pra dar um 'jeitinho' em todos os problemas. O filme é a nossa cara.

Mas não se engane com a sutileza, está bem ali, pra quem quiser ver, a visão que o mundo tem de nós... um país que contrabandeia suas maiores riquezas, um país de profunda desigualdade social, um país onde crianças abandonadas auxiliam o tráfico em busca de trocados, um país onde turistas devem se precaver pois são sempre roubados, uma país em que tudo acaba em carnaval... É triste, mas o filme está bem próximo de nossa realidade mesmo.

O bom é que, como em todo bom filme, no fim tudo acaba bem, a criança toma consciência do erro que está cometendo e passa a cooperar com o lado bom, os animais sobrevivem e voltam pra floresta, o amor impera, os contrabandistas são presos, o bem vence o mal. O negócio é torcer pra nosso povo se espelhar nisso e enxergar que as coisas podem ser diferentes, e pra que o final feliz das telas também passe a fazer parte da nossa vida - antes que efetivamente tenhamos destruído nossa fauna!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Frankenstein Made in Brazil

Esta semana o Brasil ganhou a atenção do mundo por conta da violência, de novo. E dessa vez a situação foi mais grave que o usual, se é que existe algum tipo de violência que possa se tornar usual: "Psicopata invade escola no Rio de Janeiro e dispara 66 tiros contra estudantes". Todo o mundo viu. Todo o mundo ficou horrorizado...

A ocorrência é de uma matemática voluptuosa: 1 psicopata, 89 projéteis, 2 armas, 66 crianças baleadas, 12 mortos. Mas essa equação tem mais outros números que não estão sendo levados em conta, como cerca de 500 anos de educação que 'deseduca' no país do carnaval.

Se o assassino era um psicopata? Sem sombra de dúvida! E um psicopata 100% Made in Brazil, com louvor. Um jovem que tirou a vida de tantos outros e a sua própria numa ação suicida, em busca de vingança contra o que sofreu em sua adolescência. Aliás, há de se pensar há quanto tempo ele já tinha desistido de viver...

Tudo nessa vida tem motivo, fato. Pode ser um motivo estapafúrdio, enlouquecido ou perfeitamente plausível, mas todo ato tem uma força motivadora. É muito fácil tapar o sol com a peneira e dizer que o tal matador é só mais um psicopata que pirou, mas a realidade é que ele é mais um produto de um sistema educacional cheio de vícios e problemas, de uma escola pública que amedronta os alunos, de um espaço de educação onde os educandos não tem seus direitos respeitados pelos colegas e não são protegidos pelas autoridades. Os ex-colegas descreveram como foi a vida acadêmica do rapaz naquela escola, repleta de agressões, apelidos, pequenas maldades - até dentro do lixo dizem que ele foi jogado na escola. De forma alguma isso justifica a barbárie que ele cometeu, mas explica um pouco de seus motivos. Bem vindos ao Brasil!

Não estou generalizando, existem colégios públicos que são modelo de organização, e professores que encaram a profissão com grande respeito, mas não são a maioria, infelizmente. E tem colégio particular na mesma situação! Agora, convenhamos, é muito mais fácil entrar numa escola armado do que em um banco, e a primeira cuida de crianças, enquanto o segundo cuida de moeda. Aonde está o nosso verdadeiro tesouro?

Temos de considerar também o aspecto psicológico das ocorrências. O tipo de agressão social sofrida pelo assassino, bullying que o levou a um ódio gigantesco pela instituição que deveria amar, afinal estudou lá, e a sequela dificílima de lidar que ele causou em aproximadas 1000 crianças e adolescentes, que presenciaram a tarde de terror, e provavelmente não vão querer voltar tão cedo à escola.

O bullying acontece ai, todo dia, dentro e fora das salas de aula, mas muitos professores e diretores fingem não ver - quando não incentivam até as brincadeiras. O grande problema é que agressão moral não é brincadeira, é crime! A lei já existe, apesar de não ter sido fácil ela está ai, aprovada, mas no dia-a-dia continua acontecendo: gordinho, girafa, careta, nerd, retardado, quatro olhos... a lista é comprida e desagradável, mas de conhecimento geral. Tem quem diga que essas "brincadeiras" sempre existiram e antigamente isso não acontecia, mas antigamente também não se compravam armas pela internet! A agressão sempre existiu, e como em todos os outros aspectos da vida, o ser humano aprimorou suas formas de retaliação.

Precisamos cuidar melhor do nosso futuro, essa é a grande realidade. Não adianta investir na infra da Copa se a educação continuar bagunçada e sem gerência! E precisamos aprender a viver com as diferenças: Deus fez cada um de um jeito especial, único, e é esse o encantamento da vida, ser diferente! É hora de dar um basta na homogeneidade proposta pelo sistema atual e cair na real, cada um é de um jeito e isso é sensacional.

É óbvio que não é porque existe preconceito entre jovens que todos se tornarão psicopatas, mas a nossa sociedade precisa ficar alerta a um conjunto de fatores que vem dando origem à fábrica de monstrinhos brazucas. Escola é lugar de aprender lições e convivência, e deveria ser o segundo lar de qualquer aluno, imprensa não devia conter 80% de tragédias, pois também precisamos dos bons exemplos, venda de armas devia ser melhor controlada, pois vivemos tempos de caos, e as pessoas estão cada vez mais tensas. Agora, principalmente, deveríamos olhar mais por nossas crianças, é nelas que está nossa esperança de vida!

Isso não é trabalho só pro governo não, isso é missão coletiva. Hipocrisia dizer que o governo não está nem aí se você também não faz sua parte, e incentiva preconceitos, violência e intolerância à sua volta. A sociedade é um organismo, e qualquer movimento, por menor que seja, faz diferença no balanço final.

A matéria entrou no caderno Cotidiano da Folha, o que relata a triste situação atual do Brasil: aqui, esse absurdo é assunto de todo dia.


terça-feira, 5 de abril de 2011

E todo o resto, que não tem nenhuma importância...

A vida é cheia de momentos lindos, divertidos, graciosos, que passam meio desapercebidos. É uma flor que nasce no canteiro de uma avenida tumultuada, um reencontro de melhores amigas pra falar de todas as novidades de três dias - que pareceram três anos, é uma criança que abre um sorriso maior que ela ao ver o bisavô chegar na porta da escola, é o cachorro que te reconhece e faz festa antes mesmo que você entre... é a vida que vai acontecendo.

Hoje é muito comum, e até esperado, que nos mantenhamos conectados, plugados. Raros são aqueles que resistem às redes sociais, aos blogs, aos messengers, por pura necessidade de sentir o mundo mais próximo. Olhando por esse prisma, talvez estes mecanismos sejam das maiores criações de nossos tempos, porque diminuem a distância de uma saudade, nem que seja em benditos 140 caracteres, e de repente é como se fôssemos um pouco super-heróis, podendo falar com todos e saber de tudo ali, na distância de um toque #tudojuntoagoraaqui!

Mas percebo que a interatividade e a amizade virtual abriram campo pra um novo tipo de especialista: zelador de rede social! Essa nova profissão parece estar cada vez mais bem cotada, visto que vem se disseminando. Há algum tempo, quem queria saber da vida alheia tinha, ao menos, que se dar ao trabalho de pesquisar... hoje o mecanismo de busca já está ali, à mão.

E é pra se pensar: o que leva alguém a buscar na rotina do outro diversão ou ocupação? Na minha opinião, sinceramente, solidão. Há um certo retrocesso de comportamento ai, quando as pessoas desistem de viver a vida delas pra seguir a dos outros - mas convenhamos, é até um efeito colateral leve perto do que essas redes nos proporcionam. Vida social sem sair de casa, somos quase os Jetsons!

Quem se irrita com isso é porque ainda não se deu conta de que, quem passa todo o tempo atarefado te seguindo, não tem mesmo nada melhor o que fazer. E ponto. Vamos tratar de ser felizes, deixa pra lá!

No fundo, não há post, scrap ou twit que consiga transmitir aquele frio na barriga quando você vê a pessoa que ama, nem o calor de um abraço apertado, ou aquela alegria que você sentiu ao ver um inesperado arco-íris! Talvez quem te quer muito bem entenda, mesmo que você descreva em pouco mais de cem letras - porque essas pessoas especiais entenderiam até sem letras, só com um olhar... mas pro resto vai passar desapercebido, inócuo. Ou seja, pra quem não é importante em sua vida, por mais que te siga até o fim do mundo, só vão sobrar as letras, os números, os acentos, e todo o resto, que não tem absolutamente nenhuma importância! Só sabe efetivamente da nossa vida aqueles que recebem o convite pra fazer parte dela.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tratado das horas

Hora de acordar! Hora do café - cheirinho de pão fresco e café doce da manhã! Hora de despertar! Hora de olhar pra fora da janela e ver o mundo acordando (ou indo dormir, dependendo do caso) encantado! Hora de se olhar no espelho! Hora de sair pra mais um dia!

Hora de trabalhar! Hora de calçar os sapatos pra pisar na poça d'água! Hora de enfrentar o trânsito - e pensar que aquela placa de velocidade máxima 60km/h só pode ser brincadeira de mal gosto, porque você não consegue passar dos 10km/h! Hora de encontrar (ou enfrentar) os colegas de trabalho! Hora de ligar o computador - caso você não ande com um ligado 24 horas por dias... coisas da vida globalizada! Hora de se atualizar! Hora de exercer sua profissão - ou aquela em que conseguiu se colocar! Hora de reunião! Hora de relatório! Hora de chefe - ó vida, ó sorte, ó céus! Hora de organizar o porta lápis e jogar fora os post-its antigos! Hora de raciocinar sobre os prazos a estabelecer - e sofrer pelos estourados! Hora de colocar em prática o que a experiência e a academia te ensinaram!

Hora do almoço! Hora de ir pra casa rever a família/Hora de escolher com quem vai a qual restaurante! Hora de vibrar porque o prato do dia é seu preferido! Hora de reclamar porque não tem talher na mesa! Hora de pensar na comida da mãe e ficar com água na boca! Hora de escolher entre a saudável gelatina e o pecaminoso merengue! Hora de alimentar corpo e alma! Hora do doce de leite pra voltar comendo pro escritório!

Hora de voltar ao trabalho! Hora de refazer seus planos de carreira mentalmente - todo dia se for necessário para encontrar a paz de espírito! Hora de priorizar! Hora de começar a decidir o que vai ter de ficar pra amanhã! Hora de cantar parabéns para aquele colega de trabalho que nem bem conhece - e comer um pedacinho de bolo! Hora de telefonar para clientes! Hora de cobrar e ser cobrado! Hora de bater o ponto! Hora de beijo e não me liga! Hora de até amanhã pessoal!

Hora de academia! Hora de pensar no corpo que sempre quis - e nunca terá, pois até lá o desejo já terá mudado! Hora de dançar! Hora de saúde! Hora de sede... e fome! Hora de correr sem chegar a lugar nenhum na esteira! Hora de tentar entender a novela sem som - que você sequer acompanha! Hora de se motivar: de amanhã em diante será diferente! Hora de pensar em dieta - mesmo sem a menor pretensão de seguí-la! Hora de exercício! Hora de meditar (quiçá dormir) na aula de yoga! Hora de pensar que está fazendo algo por você! Hora de cansaço! Hora de sensação de bem estar!

Hora de voltar pra casa! Hora de beijar e abraçar maridos/esposas (e talvez filhos) como se não os visse há tempos! Hora de matar a saudade! Hora de assistir ao jornal na TV! Hora de lição de casa - seja qual for a esfera da vida, sempre há uma lição de casa! Hora de pensar no dia! Hora de orar e agradecer ao Senhor por mais essas 24 horas em que se viveu mais de 100! Hora de encostar no sofá e se sentir a pessoa mais feliz do mundo! Hora de sensação de dever cumprido! Hora de ler um livro! Hora de apagar as luzes! Hora de dormir! Hora de sonhar!

Tem hora pra tudo nessa vida! Hora de correr e hora de parar, hora de querer e hora de surtar, hora de explicar e hora de entender. Houve a hora de calar por aqui, mas agora é hora de falar... mais ainda! Hora de reencontrar quem sentiu falta desse meu pedacinho de mundo que acontece por aqui!