quinta-feira, 16 de julho de 2009

Nossos ídolos...


No dia em que Michael Jackson morreu eu não acreditei. Nada de ataque de nervos, não sentei no chão e chorei, não escrevi cartas de não-sei-quantos-metros pra levar ao velório, no qual, aliás, nem que convidada eu iria, pois achei de péssimo gosto toda aquela festança em torno de um caixão...

E o mais interessante é que ninguém que eu conheço teve esse tipo de reação descontrolada também, o que parecia é que simplesmente não acreditavam no acontecido. Todos trabalharam o dia todo, e ao chegar em casa souberam que o rei do pop estava morto, e a pergunta disseminou pelo msn, e-mails, telefone: como assim???

A grande verdade é que Michael Jackson, para nossa geração, de atuais vinte e poucos ou muitos anos, não foi uma pessoa. Ele representava um movimento todo!

Meu primeiro CD foi do Michael Jackson, o Dangerous... e detalhe que eu ganhei o CD para substituir o LP, que já estava todo riscado. As nossas danças eram inspiradas por ele, o nosso inglês se aprimorava enquanto cantávamos e não só eu como todos os meus amigos queriam ir ao seu show no Brasil, ainda que nenhum de nós pudesse entrar...

Ele realmente reinou, e reinou o mundo todo. Sua fama ficou maior do que suas pretensões, e talvez isso não tenha feito bem. Michael Jackson é um grande exemplo de como a exposição da mídia pode destruir o mais belo dos talentos. Ele foi tudo que a mídia quis, até que talvez não tenha sobrado mais nada para ser o que ele queria...

Quando ele cantou “it don’t matter if you’re black or white” ele influenciou toda uma geração, ele demonstrou que o preconceito racial precisava acabar, ele mostrou ao mundo milhares de fãs de todas as raças que curtiam juntos seu som... mas ele mesmo não conseguiu resistir à necessidade da perfeição, e por não se aceitar terminou a vida transfigurado, e de outra cor...

Ele gritou ao mundo que era preciso cuidar das crianças, “we are the world, we are the children”, quando na verdade sua própria infância não foi respeitada, e só foi buscada por ele depois de adulto, em Never Land. Na música “Heal the World”, uma de minhas preferidas, ele dizia, curem o mundo, mas acabou colocando a si mesmo em uma série de escândalos, inclusive com os filhos.

Entretanto, a essência de Michael sobreviveu a todos os contratempos, a todas as polêmicas... até hoje ele é um ícone, maior do que sua própria vida. Há cerca de dois anos atrás eu estava na faculdade de jornalismo e num festival de talentos fizemos uma remontagem de thriller, e foi fantástico. De repente todos sabiam a letra, todos sabiam a dança, thriller nights fizera parte da vida de todos que estavam naquela faculdade, de todos os cursos, de todos os cantos.

No dia do velório um dos alunos da escolinha, de quatro aninhos, estava cantando beat it, com o inglês mais distorcido que eu já vi, e me perguntou se eu conhecia o moço que cantava essa música e tinha morrido. Sentei e conversei um longo tempo com eles sobre o que foi Michael Jackson pra mim e pros adultos em geral, e o quanto as músicas dele influenciaram minha vida, e cheguei a conclusão de que Michael foi uma espécie de Hanna Montana da minha adolescência, um ícone do imaginário de toda uma geração...

Hoje eu entendo porque não conseguimos assimilar a morte dele. Michael continua vivo, pois sua história se misturou em tantos laços com as nossas que ele nunca vai deixar de estar presente. E muito provavelmente nossos filhos e sobrinhos, por nossa influência, acabarão, mais hora menos hora, cantando “'cause this is thriller, thriller nights, and no one's gonna save youfrom the beast about to strike” ou qualquer coisa do tipo...

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