domingo, 14 de junho de 2009

Essas crianças!

As crianças sempre me surpreendem. Podem ser meus alunos, meus sobrinhos, ou alguém que acabei de conhecer, sempre me chama a atenção a forma inusitada com que eles conseguem reconstruir as situações... e muitas vezes contornar nosso pensamento adulto!

Temos a estranha tendência de achar que as crianças de hoje são como as crianças que fomos, e este é nosso erro primordial no trato com elas, que faz com que elas desconsiderem nossa opinião. O mundo mudou, e a cada dia nascem mais crianças que vivem numa realidade muito diferente da nossa infância. No ritmo acelerado em que evoluímos pode-se dizer até que muitas crianças estão ensinando os adultos em aspectos tecnológicos.

Enfim, é um dilema, podemos ter o controle total da situação e mantê-los em um nível de conhecimento confortável pra nós, ou podemos deixá-los ganhar o mundo, mas em contrapartida aprender a ouví-los e respeitar suas opiniões...

Como tia que sou - de sobrinhos e alunos - tenho uma opinião categórica quanto a isso: deixemos as crianças nos levarem! É claro que elas precisam de margens de comportamento, afinal estão aprendendo a viver em sociedade, mas precisamos deixar que elas saibam como são competentes e capazes.

É claro que isto não é fácil! Vivemos em uma sociedade que mantém desde sempre uma sólida família patriarcal, em que os pais falam e os filhos escutam, mas noso século implora que já não se fale nem escute, e sim que se converse...

E não adianta, todos dizemos que temos uma visão diferenciada da nova infância, mas temos inconscientemente a mania de camuflar a verdade deles. Dia desses por exemplo, num joguinho de tabuleiro com meus sobrinhos e a mãe deles, surgiu a seguinte pergunta: "qual a bebida que eu menos gosto?". A mecânica do jogo era, alguém responde a pergunta e os outros adivinham, e era minha vez de responder, então logo pensei "nada alcóolico". Pensei isto porque em minha cabeça - e da maioria das pessoas - é o mais sensato, afinal meus sobrinhos tem sete e cinco anos, e repondi "leite". Acontece que os dois responderam a mesma coisa, cerveja. E era verdade! Esquecemos por um minuto que as crianças de hoje participam dos assuntos adultos com frequência, e não podemos ignorar que eles têm um conhecimento de mundo rico, principalmente do funcionamento familiar ao seu redor. Negar que eles sabem bem do que acontece a sua volta é como, de certa forma, negar sua inteligência...

A grande questão é, como não adultizar as crianças antes da hora, expondo-as a um nível de informação excessivo, sem deixar de lhes dar o direito de conhecerem o mundo e crescerem tano quanto lhes é possível?

Eu, particularmente, reflito sobre isso quase que diariamente, e aconselho a todos que façam o mesmo... as crianças são nosso futuro! Mais do que belas edificações e estudos científicos avançados, nosso futuro depende das pessoas que estarão lá - e por um acasdo essas pessoas já estão por aqui, é só olhar pra baixo quando estamos passeando no shopping aquelas pessoinhas lindas, pequeninas, tentando entender tudo e encontrar seu lugar num mundo de gente grande.

E lutemos pra que nunca, de forma alguma, as idéias de nossa juventude sejam descartadas, ou deixem de ser reconhecidas, pois talvez esteja em suas pequenas cabecinhas o começo das fórmulas que um dia mudarão toda a nossa vida... É como já dizia o ditado: "não sabia que era impossível, foi lá e fez"! Se não limitarmos as idéias de nossas crianças, com impossíveis e improváveis, eles acabarão pensando o inimaginável e consertando o mundo, sem ter sequer a noção de quão grandiosas suas pequeninas idéias podem ser!

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